Sou um velho cachorro, sentado na varanda olhando um filhote estabanado correndo pra cima e pra baixo, mordendo tudo, pulando, rolando na grama.

As vezes ele vem até mim, lambe minha boca e resmunga por eu não ir pular e correr com ele: “como pode ficar ai parado, analítico, rotulando tudo? Parece que não vê o quanto tudo é tão belo”.

Eu apenas sorrio e ele volta a correr pelo gramado. A verdade é que ele é quem está rotulando tudo. Natural, é novo, precisa conhecer e organizar os elementos. Eu já sei o que eu quero, talvez não saiba aonde encontrar, mas sei aonde não encontro.

Enquanto isso, eu o observo brincar feliz, curtindo quando ele volta a lamber minha boca, resmunga e se vai novamente. Isso é bom. Eu suspiro e penso comigo “como a vida é bela”.