O pai de uma amiga minha faleceu hoje. Através de uma outra amiga em comum, fiz o convite a ela para irmos ver um espetáculo de dança. A pessoa disse em tom ríspido “não temos clima pra isso, né, Claudio”. Sim, meu nome é claudio, e eu imagino essa mulher pensando consigo mesma “poxa, que cara sem noção”.
Acontece que eu já perdi muitas pessoas em minha vida, parentes, amigos e uma irmã que eu amava muito. Eu sei como é essa dor e também estudo muito como o ser humano vivencia a morte de outra pessoa. A gente sente a morte como uma perda, uma desgraça. Ficamos nos sentindo doentes quando alguém que amamos se vai.
Porém é importante que mudemos essa concepção. Isso aqui é como um BigBrother aonde quem amamos é eliminado. Mas a gente se encontra de novo lá fora.
Eu sei que é difícil, mas dizer “não temos clima pra isso” é um grande erro. A arte está ai pra isso mesmo, pra nos fazer pensar além de nossas mesquinharias humanas. Deixar a mente viajar um pouco, esquecer a vida real com todas as suas fantasias.
Promover um sorriso em minha amiga o qual o pai faleceu, é o melhor que eu posso fazer por ela. A felicidade dela é bálsamo para ele, e se essa amiga em comum tivesse um pingo de noção do que é isso, ela teria se esforçado junto comigo para irmos todos assistir esse espetáculo.
Eu não insisti. Quando acordei hoje de manhã, olhei no relógio e era 11:11. Assim tem que ser então.
——————Depois do espetáculo——————–
Pensei o tempo todo se ela estivesse lá. Apresentação incrível, inspiradora, gostosa. Eu estive com ela o tempo todo, e tenho certeza que, de alguma forma, isso proveu algo em sua alma.
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1 Comment
ainda acho que a melhor cerimônia de morte que existe é mexicana.