Ontem fui levar umas meninas pra distribuir panfletos do site. Em frente a um bar aqui de Ribeirão um cadeirante, sujo e maltrapilho, vendendo jogo do bicho parou sua cadeira do meu lado e sussurrou de forma pejorativa “cafetão!”. Eu olhei pra ele e disse que não era, que cafetinagem era crime e continuei “vender jogo do bicho também é crime. Eu não cometo nenhum crime, só tiro fotos e divulgo elas”.

O resto da discussão não vem ao caso, mesmo por que não dei corda a ela. O que acontece é que isso, mais três acontecimentos simultâneos no dia anterior, no mesmo dia e hoje (dia seguinte) me deixaram pensativo demais. Parece que tudo conspira pra eu matar essa gata chamada PussyCats.

Eu gosto de mulheres, eu gosto de desenhar mulheres, gosto de olha-las, não com olhar de um homem sedento, sexual, mas como artista, arquiteto, admirador. Gosto das curvas, das sombras que as formas produzem, das texturas, enfim. Do lápis passei para o filme e para a câmera digital e virou meu ganha pão, meu trabalho e trabalho que amo fazer, sou respeitado por isso, elogiado por isso, mas não me orgulho do fim que tem.

Nem do fim, de finalidade, a que meu trabalho se presta além da arte. Nem do fim que finda, dos destinos, das desilusões, do preconceito, distanciamento de pessoas que amo ou proximidade errada de outras pessoas que amo de outra maneira.

Enfim, se eu arrumasse uma outra maneira de suprir minhas necessidades, fazendo alguma outra coisa que eu goste de fazer sem todos esses dilemas morais, eu ficaria bem mais feliz.

E o que eu perguntei pra alguém outrora, eu pergunto a mim mesmo: “quanto valem meus sonhos!?”. Só tenho uma resposta a mim mesmo: Sou tão prostituto quanto elas…

Quero muito me livrar disso…..