Toda matéria é viciada em algo. Todos nós, em corpo, somos viciados em alguma coisa. Pode procurar…. Você tem um vicio, seu vizinho tem, sua amiga tem…
Eu sou viciado em carinho. Sou carente mesmo nas situações mais carinhosas. E preciso de carinho mais do que de comida e água. Tanto que não consigo cobrar direito pelos meus próprios trabalhos. Sou uma prostituta e me contento com um pouco de atenção. E então faço meu trabalho de graça. Só pra ganhar um elogio ou uma companhia no final da noite. O meu êxtase é uma boa noite de carinho. Seja sexo, seja um ótimo bate papo na mesa de um bar. Mas como todo vício que se preze, eu cada vez quero mais. Viro um vampiro.
Como uma mulher qualquer de cabelos loiros que é viciada em carne. Quer sempre estar por cima de quem quer que seja, desde que seja carne. É aquela mulher que em um show quer subir em seus ombros, pra ver melhor e se sentir superior. Ela é sempre a injulgável. Que sabe que não vale nada, mas se veste de ouro e finge seu valor. Cativa, “fala demais por não ter nada a dizer” (com licença poética a Renato Russo), se mostra muito inteligente, mas na verdade, não tem nada em sua cabeça a não ser suprir seu vício de abutre materialista. Coleciona carniça podre dos pobres famintos que se entregam a ela. E seduz. Seduz tanto vítimas quanto aspirantes a abutres, para formar uma tribo de destruição e carnificina. Desrespeito. (E criar alguem pra concorrer também)
Meu vício por carinho as vezes me deixa vulnerável a esses abutres nojentos. Meu vício se encaixa no deles. Mas eu queria reverter o jogo… Queria ceder e quando fosse atacado, eu atacaria primeiro. Cairia a arapuca e eu cuidaria desse animal com tanta carne de qualidade que ele não iria mais querer sair, e também daria tanta luz que essa mariposa não iria mais querer se afastar, e então seria minha vez de ensinar quem é que pode julgar alguém! Eu posso julgar alguém! Eu posso julgar esse ser parasita e ensiná-lo que há muito mais que carne sob a própria carne.
Algumas pessoas que você conhece são viciadas em raiva. Mas na verdade o vicio deles é o mesmo que o meu. Querem carinho também, mas se nunca tiveram, não sabem como é, então se contentam com simples atenção, e a raiva é uma manifestação enérgica de atenção. Fala alto, põe som alto, faz barulho, agride, vandalisa, tudo pra ganhar atenção. E eu sempre dou. E geralmente essas pessoas se assustam, por que eu dou a atenção que elas não conhecem. Ficam tão assustados que criam um tipo de síndrome de perseguição. Se ouvem um barulho, já acham que têm alguem espionando. Não por estar fazendo algo errado, mas por que se deseja isso!
Eu estou frustrado hoje. Não recebi nenhum carinho. To subindo pelas paredes de agonia, e sossego minha alma escrevendo sobre os outros. A melhor maneira de distrair os vícios da carne, é alimentar a alma.
E a rainha me perguntou “quem somos nós para julgar alguem?”. Eu não respondi, mas pensei que, talvez não somos mesmo ninguém para julgar outra pessoa, mas podemos analisar e condenar seus atos. Escrevendo eu faço isso. Avalio minha própria luz, perante a sombra dos abutres. Alimento a minha alma com minha prepotência, e distraio um pouco minha carne, enquanto ninguém sacia meus vícios.
Pode sacia-los aqui…. Deixa um comentário, manda um scrap. Me lamba! É de graça!
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