Eu tinha um amiguinho, e desde pequeno a gente sabia que ele era gay. Eu era pequeno também, e a gente nem sabia direito o que era gay. A gente nem sabia que ser gay era algo ruim. Ninguém tinha dito pra gente que ser gay era ruim, e pra nós, era tudo bem ele ser gay…
A gente era criança, éramos tratados como criança pelos nossos pais (como sugerem os mais conservadores), e nenhum adulto dizia para meu amiguinho que ele deveria ou não ser gay. Mas a gente ja sabia que ele era. Ele era e ponto.
A gente brincava com ele mesmo assim pois ele era legal. A gente até andava de mãos dadas, inclusive eu não sendo gay. Eu andava de mão dada com ele.
Dai a gente cresceu. Ele descobriu o que era ser gay e disse “é isso ai, eu sou gay“. Dai os adultos vieram dizer pra gente que ser gay era ruim. Mas a gente gostava dele. O pai dele disse que ser gay era ruim. Ele ficou triste, mas continuou gay, por que era o que ele era…
Hoje somos adultos. Sou um homem adulto e sei direitinho que se eu gostasse de homem, eu seria gay, mas como eu sou homem e gosto de mulher, eu não sou gay.
Mesmo se eu tivesse prazer no meu cu, e pedisse pra minha namorada, que é uma mulher, enfiar o dedo lá enquanto a gente transasse, ainda assim eu não seria gay, e não me tornaria alguém ruim, só por gostar disso, ou gostar de beijo no pescoço, ou preferir beijo no peito.
Qualquer coisa que eu goste que minha namorada faça, desde que ela seja mulher e eu homem, não me faz gay, e não me faz uma pessoa boa ou ruim. Não isso!
E se eu quiser usar roupa cor-de-rosa, minha namorada enfiar o dedo no meu cu, e ainda assim eu gostar de meninas e não de meninos, eu não sou ruim, eu não sou gay, e é isso.
Além de todos esses fatos sobre o que eu ou meu amiguinho gostamos, tem outro fator também:
Meninas tem pepeca, mas meninas podem ter pipi.
Eu sou menino, e se eu tivesse pepeca, eu seria transexual, pois eu me vejo como menino, e teria uma pepeca. Mas como me sinto um menino e tenho pipi, sou uma pessoa de sorte.
Uma menina, tendo pepeca ou pipi, pode vestir rosa ou azul, colocar tênis ou salto alto, também pode usar calça jeans, assim como eu uso tiara, brinco, lenço e não sou gay.
E se eu ou qualquer menininho em qualquer idade, quiser tirar sua calça jeans e usar uma saia, tudo bem também. Ele pode! Não faz dele alguém ruim.
Só não está bem para mim usar uma minisaia, muito mini, pois eu sou um menino que nasceu com pipi, e talvez meu pipi fique aparecendo em baixo.
Ainda assim, eu não seria ruim, como os adultos diriam que eu seria. Mesmo se eu gostasse de meninos, mesmo se eu tivesse pepeca sendo um menino, ou usasse saia cor-de-rosa com meu pipi aparecendo.
São os adultos que vêem problemas nisso tudo. Quando éramos crianças, estava tudo bem.
Nada disso me faria ser do bem ou do mal.
Eu tenho sorte!!!
O que chamamos de opção sexual, nem é de fato uma opção. Você não escolhe gostar ou preferir uma fruta a outra. Eu por exemplo, adoraria gostar de camarão, mas não consigo. Eu não gosto de camarão.
De qualquer forma, quando falamos de identidade de gênero. Posso garantir que nem todo membro sexual aparece no corpo correspondente, ou seja, com total relação ao que o cérebro se identifica.
Definimos o bebê ou a criança como ‘menino’ e ‘menina’, usando o artigo de gênero (‘o’ e ‘a’), ou as cores azul e rosa, apenas como identificação de gênero apenas, sem relação a sexualidade, por que neste momento embora a criança já tenha isso definido, ela ainda não tem consciência (e nem precisa ter).
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