Uma vez eu levei uma amiga para ver a lua em um lugar especial. Ela não estava entendendo, pois não havia lua naquela noite.
Era um lugar alto e ermo. Paramos o carro próximo a um barranco, a estrada passava lá em baixo, a uns 8 metros abaixo de nós. A convidei pra sair e nos encostamos no capô.
De repente, ela entendeu.
O clarão que se formava no horizonte parecia mais as luzes de uma cidade ao fundo, mas então se transformou. E a grande bola branca avermelhada surgia, mágica, gigantesca.
Eu estava com o braço sobre os ombros dela, pois ventava frio. Ela ficou encantada, pediu licença, saiu de meus braços. Então tirou seu celular do bolso e começou a fazer fotos. Uma, duas, cinco, nove cliques…
Nenhum conseguia transmitir a beleza daquela lua gigantesca em nossa frente. A lua ficava pequena na tela do celular. Mal se notava que aquele borrão branco era de fato uma lua fotografada.
Eu me lembro muito bem dessa cena.
Me lembro com perfeição da luz da lua iluminando os fios de cabelo loiros que voavam ao sabor do vento frio. Lembro de seus gestos, tirando os cabelos de frente do rosto para poder ver melhor seu celular. Cada detalhe daquela noite estão guardados em minha mente e em meu coração.
Eu não só vi a lua subir no céu, como senti cada segundo daquele espetáculo.
A memória do celular dela estava sobrecarregada de tanta foto.
Ela teve que deletar muitas fotos. Deletou inclusive aquelas tentativas da lua, não ficaram boas. Ela não lembra de nada…
Seu carrinho está vazio.