untitled (propositalmente)

Cara, na boa… Essa pandemia está lhe trazendo um sentimento que eu sempre senti. Em toda a minha vida eu estive recluso, focado em coisas que você não vê naturalmente. O estado meditativo, contemplativo e, perai, não para de ler não pois eu vou falar com você.

Eu não vou me dar um tapa no rosto pra aparecer maquiado, fazer um movimento repetitivo em bumerangue ou me expressar com figurinhas pra te chamar a atenção. Eu não vou fazer nada da modinha, mas queria que você lesse isso mesmo assim…

Eu tenho muito pra lhe dizer, eu sei de muita coisa que você não sabe, que talvez muita gente não sabe. Eu enxergo que seus óculos são bregas, eu ouço que suas notas não atingem o tom, percebi que aquela dancinha foi ridícula e sei que as pessoas só curtiram sua postagem pois pensam em foder com você (no bom e no mal sentido).

Eu fiz uma pesquisa pra ver o que falavam e ninguém disse isso. Disseram que curtem por que gostam, se identificam, curtem por que querem incentivar ou ver o circo pegar fogo, por que apoiam ou acham engraçado.

Aah, perai, eu sou tão ativo e tão presente, sou tão inteligente e escrevo as coisas com palavras tão medidas, pra te fazer concordar, pra te fazer rir ou pra fazer o circo pegar fogo.

Então me desculpe, eu não acredito que você curta uma publicação por um desses motivos. Você vai curtir esse texto? Será paradoxal então…

Eu sei bem o quanto de falsidade e hipocrisia corre por aqui, e eu sei que muito provavelmente eu estou te causando náusea e vontade de parar de ler. É isso que eu quero causar agora. Estou trabalhando as palavras com bastante dedicação.

Eu tenho muito pra dizer, mas cansei disso tudo. Cansei de gritar tão alto por que ninguém vai ouvir.

Não farei frases coloridas, eu não vou fazer dublagens, nem dancinhas. Isso não tem graça, perceba. Você só ri pois é modinha!

Sobre tudo, eu não vou filmar na vertical! Meus olhos são lado a lado, todas as telas obedecem isso. Meus amplos estudos fotográficos não se encaixam em quadrados 1×1. Isso é balela, isso é uma farsa, é uma flauta enfeitiçada te enfeitiçando, pra que você a siga para o grande esgoto de vidas modernas. Seus olhos também são lado a lado, não acredite em quem te faz crer o contrário.

Por fim, além de tudo isso, de todos os fakes e desinformações, também temos as farsas pessoais, a pseudo-criação, que não cria de fato mas sim repete a tendência da vez, e que todos os seguidores estão persuadidos a curtir, pra você crer que a curtida foi pra você.

Então… Eu tenho pouquíssimas curtidas, tenho ínfimos seguidores. Creio que um décimo das pessoas que começaram a ler, nem estão mais lendo isso e por todo esse tempo, eu insisti e me magoei de ser assim tão distanciado.

Eu sou muito branco pra ser minoria, sou muito homem pra ensinar uma mulher o que é feminismo. Sou muito rico pra reclamar, mas bem pobre pra fazer parte de seu círculo de amizades. Sou pequeno pra ser seu publicitário e muito grande pra trabalhar em sua agência.

Eu sou um fudido do mundo e talvez você não curta meus posts pois não se interessa em me fuder ainda mais.

Mas sabe o que é incrível, que eu consigo enxergar coisas que você não enxerga, e por isso, mais tarde do que nunca, eu vou me ausentar daqui. Isso faz mal, cara! Isso te faz acreditar que seus óculos são lindo e você canta pra caralho. Isso te faz crer que você é alguém que não é…

Então, sendo assim, concluo que isso me fez crer que eu sou um merda que não merece uma curtida… Olha o paradoxo estampado em minhas palavras: Eu não sou fudido não. Eu sou foda! Eu sou foda demais pra isso e por isso to saindo fora!

E quer saber, eu vou dizer o que eu sei por ai, no meu blog, no meu canal, mas eu não vou criar um pdf gratuito pra você ganhar me passando seu email. Eu não vou criar uma página pra gerar leads e dar informações para o face. Eu não vou gritar por ai… Fica esperto de ouvidos atentos pois eu vou falar baixinho, quase sussurrando, e se você ouvir, quem sabe sobreviva…

Tchau, vou ali ver as estrelas…