Meu lugar de fala

Estou particularmente triste com algo hoje. Sou acusado injustamente….

O momento atual necessita uma atenção extraordinária sobre um assunto urgente. Eu, como pró feminista, tento dizer isso as mulheres sem interrompe-las, sem roubar seu ‘lugar de fala’ ou parecer agressivo ou machista, mas elas simplesmente não me deixam falar por que eu sou homem.

Pontualmente ao que me entristece hoje, eu posso dizer que cresci numa sociedade que me ‘ensinou a ser homem’ do jeito errado. E se você chora (com razão) que faz parte da grande maioria das mulheres que foi assediada em algum momento da vida, eu compreendo você, mas vocês mulheres não podem me xingar por isso. Você tem que compreender que por centenas de anos nós fomos educados assim.

Vocês mulheres acordaram para isso e começaram um movimento de mudanças, mas não adianta mudar só o seu lado sem olhar para o outro lado. Não adianta me julgar e me xingar por que em algum momento eu assediei uma mulher, sem compreender que eu cresci tendo essa instrução.

Isso é passado e dói tanto em você quanto em mim, que tento ser um homem melhor. Sua dor é proporcional a minha vergonha. Mas enquanto você tem todo um movimento pra te acolher, te abraçar, curtir sua publicação de desabafo, nós nos calamos em posição fetal querendo sumir.

E daí a coisa bate e todos os ensinamentos e cultura genética gritam “você é um homem”, “você precisa ser forte”, “reaja!”… E o cara envergonhado reage. Da pior maneira. Da maneira que todos nós não queremos. Fazendo o que queremos que todos os homens parem de fazer.

Enquanto o movimento feminista não enxergar que precisa conversar com os homens para realmente atingir a igualdade de gêneros, e não só empoderar  as mulheres, vai haver essa guerra, esse desconforto, e infelizmente, são as próprias mulheres que sairão perdendo, pois o homem ainda ocupa lugar privilegiado.

Temos que mudar isso! Temos que mudar o discurso feminista. Temos que desconstruir tudo o que foi construído até agora e temos que fazer isso juntos.

Eu sou homem e talvez eu tenha um pouco mais de condição e esteja mais confortável em meu ‘lugar de fala’ pra falar com um outro homem, um amigo, um colega de trabalho.

Agora fica difícil eu ter essa conversa enquanto o movimento feminista grita do lado de fora, se impondo, julgando, acusando sem nenhuma empatia ao que nós homens sofremos.

Esse texto foi escrito após assistir o documentário ‘O Silêncio dos Homens‘ produzido pelo site Papo de Homem. Documentário este que eu indico muito a todas as pessoas, feministas ou não, machistas assumidos ou que ‘sabem’ que não são mais machistas (desculpe, mas todos ainda somos).

Seres humanos em geral, homens, mulheres, gays… Pensem nisso!