Eu não percebo exatamente o que é, mas algum gesto ou palavra maldita, mal dita no dia anterior, planta uma semente em minha mente que germina enquanto eu durmo.
Quando acordo no dia seguinte, tenho uma trepadeira em minha cabeça, cheia de espinhos encravados em minhas ideias e planos, que necessita ser podada, com outras ideias mais fortes e lembranças de coisas gostosas e pequenas frases melhores ditas.
É difícil demais e eu tenho ciência que parte disso tudo é psicológico, fruto de minha imaginação, misturado com os frutos de sua imaginação e de seus problemas psicológicos que você também não controla. Mas o que cabe a mim é me queixar do que EU não controlo, pois eu não posso lhe obrigar a dizer coisas que cortem as trepadeiras em minha mente. Pois ditas sob meus pedidos, seriam tão segas que não cortariam nem as folhas mais finas.
Eu devo considerar que você diz de um jeito mais sereno coisas que eu digo explodindo. Você trabalha melhor as palavras de forma a cultiva-las para serem colhidas maduras depois. Isso vai ser muito bom no futuro. Devo considerar que o que você me diz com o adverbio “muito” vale tanto quanto meus pequenos verbos soltos de maneira imatura, e descontrolada. E devo usar essa consideração para que todas as trepadeiras caiam de minha cabeça sem esforço, sem sequer fincarem.
Mas como disse, não tenho controle sobre isso. Então me resta trabalhar duro e viver isso sem nada a perder, como um conto de fadas de um livro que você folheia com a pretensão única de se entreter naquele momento, até que folheie a última página, do “viveram felizes” nas lembranças.
Talvez escrever tudo isso, já seja um meio seguro de reviver todas as palavras. De re-ler nosso conto e visualizar nossa história até agora, e se a última página chegar, que vivamos felizes em lembrança do tempo que vivemos juntos.
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