Foram três dias dormindo mal, pois todos os dias, por volta das 2h30 ela começava a fritar meu celular incessantemente. E no sábado não foi diferente.
Eu havia saido de tarde para beber com uns amigos, comemorar meu aniversário e estava morrendo de dor de cabeça. Deitei cedo e quando o seu ritual da madrugada começou, eu não tive dúvidas, desliguei o celular e todos os telefones da casa…
No dia seguinte, soube do ocorrido. Quando virei meu carro em sua rua e avistei a janela escancarada, com as luzes acesas em pleno dia, as lâminas da persiana amassadas e bagunçadas para o lado de fora, quase pude vê-la caindo dali. Meu coração palpitou mais rápido.
Ela estava muito louca, com suas amigas em um bar. Deu em cima de um cara que uma das amigas estava saindo e o cara levou ela embora. Elas brigaram. A amiga ria de um jeito que eu não sabia se era nervosismo ou falta de visão da realidade. Parece que não estava percebendo o que estava acontecendo ali (ou eu não estava).
Foram todos comer lanche pois estavam sem almoçar e eu fiquei de plantão, esperando informações de outra amiga um pouco mais sensata. Então chega o moleque que ficou com ela e eu me controlei pra não voar no pescoço dele.
Que tipo de homem é esse que se aproveita do estado psicótico de uma mulher para ficar com ela, e que não dá conta do recado, deixando ela cometer um ato desse no final da noite? Moleque, babaca, animal irracional. E me vem com aqueles olhinhos com sobrancelhas de preocupação, querendo informações.
Tratei de sair logo dali, se não ia perder minha razão. Sair logo de perto de todos eles. Irritado com a cara de coitadinho do moleque, com as risadas petulantes dos outros amigos e com tudo o que circundava o ato irresponsável dessa menina.
O apartamento dela está fechado. Ninguém entra. Eu tenho vontade de chorar pensando na cachorrinha ali presa, sozinha, que viu sua dona cair da janela e não sabe o que aconteceu. Penso no desespero desse animalzinho e fico irado com a pacividade de todos os envolvidos.
Ligar pros amigos dela pra ver se alguém me ajuda a tentar resolver e ouvi-los com suas vozes ainda risonhas emaconhadas, me da ainda mais raiva.
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