Perfeitos

Não é sobre a perfeição que depositamos nossos afetos.

Muitas vezes nos apaixonamos por coisas tão disformes e cheias de defeitos e perdemos uma eternidade de tempo tentando conquista-la. Por outro lado, coisas extremamente perfeitas frequetemente nos causam muito incômodo.

Eu por exemplo. Posso tranquilamente me despir de minha modéstia e afirmar “eu sou perfeito”. E isso não é nada bom, pois espanto as pessoas.

Eu busco ser cada vez mais perfeito e tropeço em minhas próprias teorias. Por exemplo, a essência de minha existência é ser paciente e compreensivo, tentar crer sempre que não existe bem e mal, certo e errado. Mas tatuei em minha nuca um amuleto para me trazer discernimento. Discernir é julgar, separar, escolher. Então tento dar outra razão ao discernimento que este amuleto traz a mim diariamente: Aceitação!

Aceitar as coisas como elas nos chegam, com a ciência de que a perfeição não serve pra nada. Pessoas perfeitas irritam, momentos perfeitos não trazem lição nenhuma e vidas perfeitas devem ser no mínimo monótonas. Deprime!

Tanto tempo sozinho, por que se está muito exigente, buscando a pessoa perfeita: Grande perda de tempo. O bom é se divertir com os defeitos, aprender a conviver com eles. Amar ao próximo e ao anterior e estar no meio da multidão.

Aceitação! Saber aceitar o que lhe chega é o grande desafio. O que nos chega é sempre a perfeição da vida, a grande prova ou grande lição a se aprender.

Você pode achar que é passividade!? Eu diria que é admiração. Como quem vê um filme e entretido, tenta decifrar o final. Isso é perfeito!