Outro dia, eu caminhava ao entardecer chuvoso do fim do verão. A noite já preenchia a atmosfera, e então eu avistei no meio do pasto, um vagalume. Solitário, pois nenhum vagalume mais havia por ali.
Vagalumes são presentes na primavera. Eu nunca confundo, pois tentava pega-los para uma garota que esteve comigo nessa estação.
Aquele vagalume solitário, vagando sozinho pela várzea. Será que dormiu demais? Não viu o momento de acordar? Enquanto todos saiam em bando, fazendo seus shows, cantando em conjunto, zanzando entre amigos, conquistando suas garotas… Onde ele estava?
Pobre vagalume solitário. Perdeu o tempo, e ninguém mais o vê piscar. Sua luz verde, linda, é em vão. Jamais encontrará uma parceira, jamais terá filhos pra cuidar, um ninho, um lar, um objetivo maior.
Então o que faz, pobre vagalume solitário? Vai voar. Sem ligar pra ninguém mais. Voa pra si mesmo. Só sai, voe. Desconectado de qualquer ambição ou desejo e voa.
Jogue sua luz pra quem quiser ver, e se ninguém se manifestar, só vai e finja ser feliz. As vezes você pode ser. Por que as vezes, sem que você saiba, um velho homem que dormiu demais e deixou o tempo passar, está te assistindo, e se inspirando em você, pra escrever textos e voar.
Pobre homem solitário, só sai. Jogue sua luz ao mundo. Mesmo que ninguém veja, mesmo que ninguém se manifeste, só sai…
Voe!
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