Então eu já havia dito que os anfitriões em Coroa Vermelha (Cabralia) eram muito legais. E eram mesmo. Dessas pessoas que justificam o nome desse canal. Reencontro de almas. Deixaram os perrengues mais fáceis de lidar, então ficamos.
Passei um pouco de raiva com burocracias do mundo real. Ir ao cartório e depois ao correio em terras baianas me fez entender por que eles tem essa fama de ‘calmos’. Foram 2 horas no cartório, mais uma hora no correio. Mas coisas que eu tinha que fazer.
Fiquei sozinho por uns dias e me dediquei aos projetos do nosso novo empreendimento, o Mundiato (conheçam) e outros trabalhos da pousada. E de repente, num piscar de olhos, era hora de ir embora, e a pergunta que todos faziam “pra onde vão?” a gente não sabia responder, mas respondia, com pouca mas absoluta certeza. A intuição já tinha decidido e quem sou eu pra questiona-la.
Uma amiga mencionou em um comentário sobre Corumbau, onde há a praia Ponta de Corumbau. Pesquisamos, não achamos nada pra fazer, mas fomos. Sem pensar, sem questionar, apenas fomos, conhecer as belas praias. Defendendo aquele lance de seguir a intuição. Cheios de esperanças de que algo iria acontecer por lá. Mas nada aconteceu.
O lugar é distante de tudo. São mais de 50km de estrada de terra acidentada. O GPS marcava a distância curta e a estimativa de tempo pra chegar: duas horas. Quase isso. A impressão porém é que o tempo não passou. Ele voltou! Voltamos no tempo. Não existe nem posto de combustível por lá. As pessoas são simples, humildes mas os valores voltavam a ser exorbitantes. O lugar mais barato pra ficarmos era muito caro pelo que ofereciam.
Estávamos tão confiantes que fecharíamos algum trabalho, algum voluntariado, mas nada. Apenas conversamos com muita gente. Pessoas que adoraram a gente. Vocês são incríveis, diziam. Dai houve um cara que disse “o povo daqui não acredita precisar do que vocês oferecem”.
Ficamos frustrados, passemos e decidimos seguir viagem, mantendo a certeza que a intuição nos leva sempre pra onde devemos ir. Dai você, leitor, deve dizer “mas perai, não aconteceu nada por lá. A intuição falhou?” e eu respondo que NÃO. Pois pode não ter acontecido nada perceptível pra gente, mas com certeza fizemos algum movimento providencial ao Universo. Seja pra alguma dessas pessoas que conhecemos e conversamos, seja para o lugar em si ou ainda pra dar tempo de algo acontecer além do tempo que esperamos.
É importante não ser egocêntrico. Acreditar que os planos do Universo vão muito além de nossos umbigos. A nós sobra o presente das lembranças e das vivências.
Saímos no domingo (ontem) e paramos em uma pousadinha em Mucuri, só pra ganhar tempo também. No dia seguinte, fomos pra Nova Viçosa, uma cidade ainda mais parada no tempo, mas com um pouco mais de estrutura. Haverá histórias boas para o próximo texto…
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