Acabei de assistir na tv cultura uma palestra de um psicoterapeuta (Ivan Capelatto) sobre amor. Num momento muito oportuno em que eu estou chocado com a falta de comunicação entre as pessoas quando o assunto é amor.
Eu sempre achei que o meu maior defeito era minha autenticidade, e hoje, embora tente acreditar que isso não é defeito, não consigo, pois essa autenticidade em falar o que vejo e o que sinto me afasta de outras pessoas.
Eu não posso falar que amo, pois para o outro, ser amado significa ter responsabilidades, ter que retribuir, ou nem isso, as vezes, significa simplesmente que não se tem mais que conquistar, então perdeu a graça….
Eu fico puto com a incapacidade de alguem atender o telefone, ou com a capacidade de alguem bloquear uma pessoa no msn. Fico assustado com essa era onde as pessoas escolhem quem são ou não de seu circulo social, como se escolhessem feijões. E fico mais assustado ainda, quando os critérios para essa seleção são características como autenticidade.
Mas eu nunca fui assim, de ficar puto ou chateado por muito tempo. Eu fico desapontado, decepcionado, e então me coloco a pensar e refletir o que se passa na cabeça da outra pessoa….
O primeiro sintoma é o silêncio. O incômodo de dizer se esta gostando ou não. Acho que muitas vezes não chega a ser um incômodo, mas sim uma estratégia, uma resguarda que minha autenticidade não me permite ter.
Algo do tipo “se eu falar que não estou gostando, vou perder de vez. Mas se eu falar que estou gostando, vou ter uma responsabilidade grande, ou posso perder algo do outro lado da historia”… Então se espera, se ilude, finge, e quando não convém mais, não precisa mais dizer, nem precisa atender o telefone, e não precisa mais ser visto online no messager.
O segundo não é sintoma, é evidência. Um medo. E esse medo na outra pessoa, de certa forma me conforta e me faz ficar tranquilo que o problema não está comigo. É um medo que provêm de outros relacionamentos. Medo de se envolver e sofrer de novo, ou medo de estar envolvido e não conseguir se manter, medo de fazer o outro sofrer. E ai a covardia também me irrita, mas me faz crer que sou bom demais e por isso assusto.
Besteira…. Eu não me acho bom demais. Não me acho nem um pouco bom. E talvez esse seja meu segundo maior defeito (o primeiro é a autenticidade). A minha baixa auto estima me faz tentar cativar demais os outros, e minha autenticidade não me deixa ser indiferente a alguem que estou tentando cativar…. Eu mergulho mesmo, ando quantos quarteirões a mais forem precisos, vou e volto, para ter a oportunidade que busco. E se consigo, eu celebro, eu explicito minha felicidade, e luto pra manter a condição de exito o tempo que for necessário… e talvez é ai que eu perco.
Não consigo evitar, e ninguém diz ou confirma que ou se estou estrapolando. Mas percebo que estrapolei quando não atendem o telefone, ou quando sei que estou excluso de um bate papo….
Isso é horrivel. É brochante… Mas não adianta. Eu sou assim e mesmo que não me convença que isso é uma virtude, vou continuar com meu maior defeito. Continuarei sendo autêntico e continuarei explicitando o quanto gosto de uma ou outra pessoa. Mesmo que eu a perca por sua covardia ou falta de motivação, eu vou continuar com meu ritual de carinho e cuidado por quem eu quero bem. Vou ligar, vou elogiar, vou dizer que gostei da noite, vou convidar outras vezes…. Eu vou continuar assim. Comigo não tem joguinho, gosto da coisa prática.
Em tempos de sobrecarga, onde tememos tudo, a chave para ser feliz é um amor real, que cuida de quem se ama sem frescura. Buscando o bem estar próprio no prazer de ver o outro feliz.
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