Há algum tempo eu esqueci de quem eu era, e durante alguns anos fiquei em silêncio tentando aprender alguma coisa, sem lemmbrar de ensinar o que eu tinha pra ensinar.
Ver as estrelas, sentir o vento, pisar na grama, trocar energia com o Universo de maneira física. Ensinar sobre os outros deuses, sobre o próprio deus. Ensinar a olhar pra si mesmo.
Eu esqueci de tudo isso, e de repente, nem eu estava olhando para mim mesmo, e por um respeito e lealdade que me era pedido, eu fechei as janelas e liguei o ar condicionado.
Fiquei frio e minhas folhas caíram. Deixei de enxergar tudo o que eu mais dava valor. Rolar no chão com minha cachorra parecia sujo e errado. E a minha cachorra era a única coisa que eu lutava pra não mudar.
Eu te chamei pra entrar com a única condição de que não alterasse o meu relacionamento com a minha cachorra. E essa única condição se tornou a condição definitiva para que todas as outras condições liberadas não fossem relevadas.
Você poderia fazer o que quisesse, mas só olhou para o que eu não queria que fizesse. E se negou, alegando egoísmos, inseguranças e falta de lealdade.
Quando se fala em lealdade, eu, seguindo a definição, penso no respeito às regras que norteiam cada um de nós. E em um relacionamento, não se pode mencionar lealdade em via de mão única, para apenas um norte.
Lealdade é respirar juntos. É ficar quando o outro não pode ir, é compartilhar a visão e permitir que o outro veja o que você pode vislumbrar. É compreender, e sobretudo, ser transparente além de meia dúzia de gestos, pois gestos enganam tanto quando palavras. Ser leal, é deixar a alma ser vista.
Quando se faz isso, a vibração se eleva, se perde o medo de ser abandonado, ser trocado. Sem medo não há covardias. E a covardia que te faria saltar do barco na primeira onda da tempestade se dissipa com o amor que volta pra si mesmo.
Quando a vibração se eleva, você volta a olhar pra si mesmo, e consegue atribuir os erros e acertos às suas próprias atitudes.
Mas a nossa mente é traiçoeira quando a desligamos de nossa alma. E a qualquer momento, ela já joga um pensamento de defesa sobre qualquer coisa que você ouve ou lê, como pode estar acontecendo agora. Ela não lhe deixa enxergar, refletir, e fica querendo contra-argumentar, criando o obstáculo. Por que o medo toma conta e sua mente não quer deixar que você não volte ao barco.
Há algum tempo, eu me esqueci de tudo isso. Eu me esqueci do que tinha que te ensinar. Esqueci inclusive de que eu era um ser que podia ser amado, uma pessoa importante, com meus próprios valores, esqueci de minha inteligência.
Eu passei a ter esse medo igual ao seu, e acreditar que a lâmpada era melhor que o sol. Passei a ter frio, e com tanto frio, achei que o problema se resolveria abrindo algumas portas.
Eu jamais sairia por qualquer uma daquelas portas que abri, pois eu não sou covarde. A covardia não se comprova pelo simples fato de eu tê-las aberto.
Estar na proa, pra ver a tempestade que se aproxima e pensar o que se vai fazer, é diferente de saltar do barco, embora é bem compreensível que qualquer um pensasse que eu, ali, naquela situação extrema, saltaria.
Mas as nuvens se vão, a primavera volta em algum tempo, e eu já posso ver as flores desabrochando em minha alma novamente. Daqui de cima eu vejo o mar aberto, voltando a tranquilidade.
E você não tem saída. Enquanto estiver boiando em alto mar e não se livrar das desculpas e justificativas que seu cérebro fica te forçando a pensar a toda hora, vai continuar naufragando.
Não tenha medo, ouça meus gritos e venha até mim. A escada já foi baixada pra você voltar a bordo, ai sim poderemos navegar de volta a terra firme, e então, serenos e secos, decidir o que fazer.
Há algum tempo eu me esqueci de quem eu era, eu me desesperei ao te ver pular no mar. Mas já estou no comando de novo, com as mãos no leme, pronto para te resgatar.
Lembre-se também de quem você é, e juntos conquistaremos o mundo que foi construído só para nós.
Seu carrinho está vazio.