Li em algum lugar alguma vez, que temos alguns espelhos de personalidade.
Um deles diz respeito ao jeito que queremos parecer para os outros. Tem a ver com nossa aceitação no meio. Se vestir, agir ou falar igual a tribo onde se está imerso ou se quer imergir.
O segundo espelho mostra o jeito que vc acredita ou quer que as pessoas te enxergam.
E eu não me importo muito com esse espelho não. Acho que eu quebrei ele a um tempo atrás. Um cara ai disse que sou um “mauricinho fracassado”. Pensam que sou um cocozinho, acostumado com Pão 7 Grãos com Nutella e travesseiros de pena de ganso.
Já uma menina num desses apps de aplicativo, disse que eu não teria sorte aqui no sul, pois as meninas daqui gostam de homens mais finos, não homens que fazem ‘caretas nas fotos’ (ela se referia a uma foto que eu estou ‘gargalhando’ com o cabelo todo despenteado ao vento). Quando eu mostrei não ter entendido o que ela disse, ela explicou de maneira mais explícita: “elas gostam de quem tem dinheiro” (‘ou aparenta ter’, pensei). Eu fiquei com um pouco de dó.
Na real eu acho que algumas pessoas me enxergam como um grande cuzão, e estou pouco me fu%$#* pelo que as pessoas pensam de mim.
Enfim… O próximo espelho nos mostra como queremos ser, ou como acreditamos ser.
Eu tento traçar um perfil pra mim mesmo em cima de tudo o que eu já vivi. Considerando ter ido morar sozinho com 14 anos, aprendido na marra a se virar. Já ter passado fome, ou no mínimo não ter comido o que desejaria comer. Aprendi a cozinhar, a costurar minhas roupas, consertar chuveiro, remendar encanamentos estourados. Aprendi até a dobrar lençol de elástico.
Hoje eu moro no meu carro, durmo no chão, em barraca. Tomo banho gelado em rio, como comida que caiu no chão, por que não tenho nojinho da terra. Alias, não sou de nojinhos. Ajoelho no banheiro pra limpar limo de azulejos, tiro cabelo alheio do ralo com as próprias mãos. E não me venha com luvinhas. Taí, tenho nojinho de luvinhas, daquele cheiro de látex.
Eu não sou tão forte, mas não me nego a carregar peso se for preciso. Se dou conta, eu faço. Se não dou conta, eu não tenho vergonha ou orgulho nenhum de dizer ou pedir ajuda. Definitivamente, eu não sou um cocozinho, nem mesmo cuzão. Sou meio roots, nem um pouco nutella, mas sou cheiroso e me visto bem (as vezes). Será isso?
Eu gostaria que me vissem como um cara bacana, espiritualizado, justo. Acredito que faço o bem por onde passo, e trabalho bastante para que isso aconteça. Gosto de falar, compartilhar experiências, contar minhas histórias.
Como disse, não ligo de limpar banheiro ou qualquer outra sujeira, com vassouras, enxadas ou com palavras. Não me trinca produtos químicos, ou venenos, sejam líquidos ou verbais. Não to nem ai pra isso.
Mas o que me pega de verdade, está além de meus espelhos de personalidade. É algo real. Um sentimento factual em minha personalidade: meu senso de justiça. Seja pelos outros ou comigo. Eu não ligo pra nada do que disse acima, mas exijo suas coisas simples: respeito e reconhecimento.
Simples assim.
Talvez eu seja um cuzão por isso.
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1 Comment
Oi, Cláudio. Tudo bem? To gostando de ver suas postagens. Boa sorte por aí. Quando estiver na Bahia, nos avise. Abraço. Teca.