Será que se eu deixar de ser quem eu sou, eu posso ser ainda mais feliz?
Por que uma vez uma amiga me disse que eu era muito crítico. E eu me coloquei a pensar. Sou crítico pois percebo o mundo. Não acho normal muitas coisas que as pessoas tornam normais.
Se eu posso ser mais feliz sendo alguém que eu não sou, então talvez seja a hora de eu fechar meus olhos.
E já de olhos fechados, vou fingir que acredito que por amanhã ser outro ano, tudo pode mudar, e tudo pode ser diferente. Então, de olhos fechados, eu farei uma prece ao meu deus. Meu deus tem asas brancas…
De olhos fechados, primeiramente eu agradeço. Mas não vou ficar com esse papo de só agradecer. Pois se eu vou deixar de ser quem eu sou, tenho muito a pedir em troca.
Eu agradeço por ter minha família, mas peço que enquanto eu fecho meus olhos, eles abram mais os deles. Peço que enxerguem que a vida não é um playground com o bom e velho pai ali olhando, zelando pelas crianças que brincam e brigam, sabendo que ele está sempre ali para afagar alguma lágrima e beijar qualquer ferimento.
Eu agradeço meus velhos amigos, mas peço por novos. E que os velhos me compreendam como eu sempre os compreendi. Que também abram seus olhos para ver além de seus interesses, e para ver sobretudo o futuro. Peço que abandonem a doutrina “Forever Young”, que só é bonita naquela música de quando realmente tinhamos tempo a perder.
Agradeço a todas as boas e más almas que circulam minha vida, garantindo que eu nunca esteja sozinho, embora solteiro. Às que me causam a raiva para me sentir vivo, às que me contrariam para eu me questionar, e às que não contrariam, mas me olham em silêncio e me fazem me questionar de qualquer forma. Mas peço que meu deus de asas agilize o encontro derradeiro com a alma da plenitude. Aquela que comigo trará outra alma, e fará com que eu enfim não deseje mais nada.
E pra terminar, eu agradeço meu lar, mas peço que eu possa continuar fazendo tudo o que amo, e por isso tenha mais reconhecimento, reconhecimento ao meu trabalho e que ele venha com intencidade para me testar, para eu provar minha capacidade e então de ainda mais frutos, para que eu possa ter um outro lar. Que possa agregar, acolher os velhos e novos amigos, a minha família e as novas almas.
Eu desejo poder fechar meus olhos, mas desejo ainda mais que abram os seus.
Enfim, em dezembro de 2012, enquanto a maioria vai se frustrar, eu enfim poderei suspirar aliviado e sentir o trabalho cumprido.
Talvez eu não possa deixar de ser quem sou, mas se abristes teis olhos, verás que não preciso disso.
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1 Comment
“Pois se eu vou deixar de ser quem eu sou, tenho muito a pedir em troca.”
Muito bom o texto Cacá. Sempre me questionei o fato de ter que mudar quem eu sou para agradar e “ser mais feliz”; e se a minha felicidade não for a que os outros tem como padrão?
Por isso eu agradeço, mas também peço: tolerância para todos. Assim cada um vive feliz dentro do seu próprio universo.
No momento estou feliz de deixar 2011 para trás…