“Na boa, isso não está me fazendo bem”
Então, lá vou eu, alçando ancoras, deixando mais uma linda praia para trás. Com a certeza que a olharei de minha popa, e lamentarei muito estar partindo… Mas desta vez é diferente, o mar está turvo, não vejo outra praia por perto. A neblina densa não me permite enxergar muita coisa, mas as velas estão erguidas e eu seguro firme o leme.
Eu não vou chorar, o barco não vai virar, nem muito menos parar. Pelo contrário, a fase é nova. A névoa faz parte da estação. Estação de fim de ano, quando se cria muita espectativa e quando muito se esquece.
Desta vez é diferente… A sensação é de ter pegado uma maré estranha, estar navegando meio sem controle, mas vou segurar firme o leme, sentir a tempestade molhar meu rosto e sorrir, com as mãos firmes, confiante de que algo bom se esconde atrás do horizonte.
Vou segurar bem firme o leme sem lamentos. Simplesmente agradecerei aos céus, por ainda ter forças e fés para navegar.
Me desculpem, praias deixadas. Me desculpem pelos frutos roubados, gravetos queimados. Me desculpem por qualquer sujeira que eu tenha esquecido em suas areias brancas. Nojos, náuseas, insônias, barulhos… Desculpem.
Qualquer dia eu passo por aqui de volta. Se puder me acomodar novamente, sorria como um belo luar crescente. Brilhe em surpresa, como uma estrela cadente. Me sinalize e eu atraco novamente com todo respeito e prazer do mundo, e quem sabe não fique por ai.
A mesma maré que pode me levar, pode me trazer de volta, e o tempo determina o final da historia….
Eu peço desculpa, mas também agradeço, e sorrio!
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