Entro em minha última semana em Blumenau pela porta de um domingo chuvoso, sem muito a fazer, com um silêncio incomum neste hostel barulhento.
Normalmente o único silêncio vem do ser mais próximo, que depois de um episódio desagradável de repetição de desrespeito, decidiu não mais falar comigo. Na verdade, fui eu quem disse que não iria mais falar com ele devido a sua ignorância (no sentido literal e não pejorativo da palavra – se é que isso é possível). Mas quando eu disse isso, eu me referia a conversas e trocas de idéias. Acho besta (mas previsível) que ele tenha extendido essa regra a ‘bom dias’, ‘licença’ e ‘obrigados’. Em minhas primeiras falas sem resposta, eu estranhei. Depois, pelo meu espírito turrão, eu quis insistir um pouco, repetindo ‘bom dia’ algumas vezes. Mas o bichinho é teimoso e orgulhoso. Não respondia nem na insistência, como se fosse mesmo surdo também dos ouvidos.
Dai eu resolvi deixar pra lá. E conviver com ele como se fosse um fantasma dentro desse lugar. Um fantasma que não fala, mas que faz muito barulho. Que pirraceia, que faz serenatas pra mim até 4AM, tocando solos insuportáveis de violão debaixo de minha janela. E eu coloquei em prática exercícios que fazia antes, de abstração… Difícil. Não consegui não! Vontade de dar uns tapas na bunda dessa criança birrenta…
Enfim, outros fantasmas assombram esse lugar. Mas são meus próprios fantasmas. O fantasmas da convivência, o fantasma da aceitação, aquele do ‘bonzinho x idiota’ e um outro, talvez o mais assustador, o fantasma da confiança.
Num lugar desses, com tanta gente diferente, a gente não sabe direito em quem confiar. O cara legal as vezes é o mais perigoso e a impressão na verdade, é que quanto mais legal, mais perigoso. Sei lá… Deve ser só coisa da minha cabeça. Fantasmas nem existem de verdade.
No mais, Blumenau me frustrou por outros motivos. O clima, quente e úmido, que faz com que uma calça demore 3 dias pra secar ao sol, e ainda a deixa cheirando mal, os pontos turísticos, meio sem graças, que você pode visitar apenas olhando fotos, pois estar presente no local é pouco emocionante, e as meninas…
Sim, eu tive expectativas com as meninas daqui. Aqui no Hostel não tem meninas. Conheci algumas nos aplicativos, e me surpreendi com a simpatia e proatividade. Talvez ai minhas expectativas tenham sido de fato criadas, mas tirando o fato da proatividade, elas são iguais as de SP. Difíceis de fazer acontecer algo.
Embora eu compreenda que atualmente não sou alguém interessante pras mulheres de minha faixa etária. Mulheres acima de 35 não querem um forasteiro viajante, que vai deixa-las em poucos dias. E quando descobrem que eu vou partir, talvez se desinteressem.
Melhor assim, pois me apaixonar pode por tudo a perder. Como diz minha prima, em uma avaliação exata sobre mim “mulheres me distraem”.
Enfim, por fim, Blumenau foi assim, em resumo, passeios notívagos quando a chuva dava uma trégua, pouca ação, pouca atração, Samanta mais gordinha, roupas fedidas, e um certo desconforto.
Vida que segue… Contando os dias pra próxima etapa.
Seeya!
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