Cada vez mais e mais atitudes e ações instintivas e naturais do ser humano são coibidas por imposições sociais, religiosas e tecnológicas.
Celulares fazem as vezes dos olhos e ouvidos, e as redes sociais quebram o elo social real. Ninguém se fala mais, ninguém mais olha nos olhos. Existe até aplicativo com sons de natureza, como se o som da natureza não existisse mais, que seja abafado em uma praça no canto de um bairro qualquer. Você não consegue mais ouvi-los.
O sexo tenta ser banido da existência humana pelo conservadorismo moderno, mas é talvez o último sobrevivente, que ainda resiste pelo último instinto, o da sobrevivência.
Transar talvez é o último momento que nos resta de pureza absoluta do ser. Quando some por completo os pensamentos, as idéias e ideologias, as mágoas e rancores do mundo. Em um breve momento você se resume em seus sentimentos e do seu parceiro, numa simbiose pura e perfeita, tão intensa que você não precisa de aparelhos celulares (as vezes até precisa, mas deixaremos isso de fora neste texto).
Deveria ser assim também quando nos entregamos a arte. Em um cinema, teatro ou concerto musical. É esse o propósito da arte, te fazer sentir. Importância vital, quase tanto quanto segurança, transporte e educação. Mas nem ali a nova sociedade consegue se desligar dos novos padrões impostos, e precisa de seus aparelhos eletrônicos para suprir os orgãos atrofiados.
Descartes errou feio quando criou a máxima “penso logo existo”. Para existir não é necessário pensar. Para existir você deve sentir. Sentir sem pensar é o maior estágio de evolução que você pode atingir.
Os sentidos básicos são fonte de energia pura, disponíveis a qualquer um, que podemos ter a qualquer momento. Mais do que qualquer alimento. A vibração de uma luz ou de um som, ou mesmo o toque sutil de uma brisa em seu corpo, estimula seu organismo a vibrar junto gerando energia vital. Pura física.
Reative seus sentidos. Enxergue com seus próprios olhos, olhe nos olhos de seu interlocutor, de seu companheiro ou acompanhante. Fale mais do que escreva, não em vídeos ou audios insuportáveis. Fale na cara, diga no ouvido. E se a distância impedir, use o tal aparelho, mas ligue, pra ter o momento simbiótico de via dupla, expor o carinho e a atenção ao próximo.
E se ainda assim, você não conseguir se desligar de todas essas tomadas sem carga que a nova sociedade, tecnológica ultra conservadora te impõe, então eu digo de novo, sem remorsos ou agressão. Digo do fundo do coração, com a sabedoria que anos de estudo e meditação me trouxeram: Vá transar!
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