Roubo

Se eu olhar em seus olhos você mostra a língua e faz caretas para desviar minha atenção, mas não adianta, eu já enxerguei sua alma, antes mesmo de perceber suas tatuagens, já sei quem você é e o que você sente de verdade.

Não adianta tremer suas pernas pois na hora real eu sinto seu gosto. E nem toda a frieza de seu corpo afeta o calor de minhas mãos, elas não vão congelar e cessar assim, por sua vontade.

Enquanto você reclama, se lamenta e se contorce, com sua cara sem expressão, eu vivo num mundo melhor, um mundo que você poderia viver também, mas se foca em pequenos detalhes, e acha que eu não os percebo.

Talvez eu lhe pareça um tolo idiota, mas só estou te roubando. Roubando minutos, roubando momentos bons, no meio de tantas tralhas.

Tantas tralhas, tantas besteiras no ar, ditas, feitas, ouvidas. Palavras, sons, músicas. Músicas que não te farão dormir, que não são melhores que as minhas, que não farão diferença.

Nada seu é melhor que meu ou de ninguém. Somos tão pequenos diante das grandiosidades do mundo e é por isso que eu quero te roubar, pra talvez, você aprender.

Vou roubar os falsos sentidos, os falsos valores, desmascaras os falsos atos, te trazer pro meu mundo, te roubar pra mim.