Eu me queixo de ser muito sozinho, mas percebi que sou solitário por natureza.
Eu amo muito as pessoas que passam ao meu lado, mas quando percebo, já estou na estrada, voltando para minha toca. Enquanto ao seu lado, sou muito calado. E tanto tempo sozinho, estranho afagos e cafunés. Embora goste muito.
Talvez eu tenha sofrido muito, talvez tenha me decepcionado muito com pessoas, e hoje me comporto assim.
Como quando você encontra um cão faminto na rua e se agacha para chama-lo. Ele quer ir, tem fome e frio, mas tem medo. Até ameaça dar um passo pra frente, mas desiste e foge. Prefere continuar se virando sozinho.
Eu não tenho o hábito de rezar, mas eu peço todas as noites que isso termine logo. Porém já faz tanto tempo que venho pedindo que acho que a solidão vai além do mundo físico. Não tem ninguém me ouvindo.
De repente, viajando sozinho pelas estradas do país, eu me pego perdido em meu próprio ser. É estranho e nem mesmo eu entendo o que acontece. Não sei se é um carma, um feitíço ou apenas um período… muito longo por sinal.
Sou muito família, mas minha família nem tem muito a mim, pois não me doo a eles. Sou muito amigo, mas não tenho amigos para demonstrar minha amizade. Sou muito amante, mas os casos são rápidos, que nem dá tempo de esperar a próxima boa peça de teatro para ir de mãos dadas.
Então talvez, embora eu não saiba bem o por que, minha natureza se tornou solitária, e estar sozinho não é uma condição imposta, mas sim um comportamento criado. Uma auto defesa.
Uma vez eu quis alimentar um cão faminto de rua, ele fugiu de mim com medo. Eu corri atrás. Mesmo com medo de ser mordido, o agarrei e fiz ele saber quem eu era, quem éramos… Quem teme mais?
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5 Comments
“A mão esquerda não precisa saber o que faz a mão direita”
Ate parece que foi eu quem escreveu esse texto!
Oh dozinha… Até parece hein????
Vc não me conhece muito, Helen. Embora saiba de todas as minhas histórias, só enxerga um lado meu. Meus amigos mais próximos, mais antigos, meus familiares, minhas amantes, podem confirmar esse meu texto.
Eu nao escrevo isso com orgulho ou como quem quer ser digno de pena. Não me orgulho dessa condição e batalho muito para muda-la.
Vc tb não me conhece o suficiente p saber q brinco muito. Achei q aceitasse afinal nunca apelamos um c outro. Fica c Deus.