2 de agosto – Até quando…

Só as paredes desse apartamento vazio sabem o quanto eu sofro. O quanto eu choro desesperado em minha solidão absoluta.

Eu não acredito mais em nada. Não acredito mais em frases e orações pois parece que o meu destino é fixo e nada do que eu faça vai mudar alguma coisa.

A muito tempo minha vida gira em círculos, num círculo chato e repetitivo. Mudo a energia, mudo de casa, mudo os discursos e alguma coisa até parece começar a acontecer, mas ai, sem que eu perceba, sem que eu tenha controle, afunda, como algo que é sulgado pelo ralo de minha vida que gira nesse círculo. Sai de minhas mãos, some…

Eu não tenho tendência suicida física. Não faria jamais isso com minha família, mas a ideia que me vem constantemente é de um suicídio social, de cancelar minha vida atual, jogar tudo isso que conquistei dentro de um apartamento e sumir pelo mundo. Ir pra bem longe, sem ambições…

Eu estou muito muito cansado. Eu não aguento mais ser assim tão sozinho. Não sei o que faço para as pessoas para que ninguém fique perto de mim.

Não menosprezo meus poucos grandes amigos. Aqueles que já me ouviram chorar ao telefone e me ampararam com asas invisíveis. Mas são tão poucos que os conto nos dedos de uma única mão. E estão longe de mim, possuem suas vidas distintas e não suprem minha carência diária.

Tudo isso veio a tona pois eu experimentei e lembrei do que é ter um relacionamento sério. Me entreguei novamente com toda a intensidade de minha alma, traço de minha personalidade que é imcompatível com os tempos atuais. Não sei se fui eu, ou se foi aquela nuvem. O fato é que saiu de novo de minhas mãos.

Mas o que me faz chorar hoje, nem é exclusivamente isso. É o todo!

É a repetição constante dessa situação. A solidão persistente de minha alma nesse mundo. A visível barreira que me impede de ter alguém ao meu lado, por melhor que eu seja, por mais correto, justo e ético.  A barreira que me impede de sair daqui, de onde estou… Seja afetivamente ou profissionalmente.

Eu estou muito cansado.