E esta sereia que não se comunica de forma verbal. Qual é a dela!?
Ela se vai para o fundo do mar, para se alimentar mais um pouco, já que aqui não pode se suprir, pois minha alma ela ama. Ama? Posso confiar?!?
Tenho vindo todos os dias aqui na beira do mar, observa-la cantar para mim mesmo sem ouvir. Ela insiste que não é truque, que me quer, mas se vai. E quando eu me vou também, eu, em meu canto me encho de dúvidas. Haverá o dia em que eu chegarei na beira do mar e não a verei mais? Tenho medo disso e portanto todos os dias penso em eu nunca mais voltar.
Ela gesticula porém, afirmando que volta, que eu devo esperar. Mas minha cabeça está confusa. O medo disso acabar, ou ser uma farsa, uma armadilha armada por ela ou mesmo pelo meu destino que tem sido tão cruel comigo ultimamente.
Eu poderia viver isso simplesmente, sem pensar muito. Afinal, eu não tenho outros planos para minha vida. Mas como faço com meu medo? Meu medo de sofrer de novo tudo o que já sofri no passado… O que me fez ser quem eu sou, o ser que eu não quero ser mais…
Eu paro aqui na beira do mar e a observo em seus movimentos. “Você está tão sério”… Sim, mas não é seriedade, é uma ausência de emoção, introspecção, reflexão. Não sei o que sinto, o que devo demonstrar. Não estou entendendo o que está acontecendo, então apenas contemplo.
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