Eu to perdido no tempo. Já não sei mais que semana estou dessa quarta temporada, já não sei quando escrevi o último texto nem tenho referências de quais lugares passei nos últimos dias. E sabe o que mais!? Também não sei pra onde vou no futuro. Legal, né!?
Sim… É muito bom esse desprendimento de tempo/espaço e para não sair voando, a gente se prende a outras ‘coisas’. A gente se prende aos prazeres de estar vivo, dos mínimos prazeres como a apreciação da diversidade humana, aos mais radicais, como uma montanha russa do Hopi Hari.
Saímos de São Francisco do Sul e traçamos a rota até Santa Rita novamente, pra resolver as pendências de transferencia do meu carro. Entre as paradas programadas, esteve Iguape, lá onde a Samanta foi atacada. Qualquer outra pessoa passaria longe de lá, mas eu resolvi voltar, pra dar um abraço na minha anfitriã e mostrar que não havia mágoas. Houve um trabalho para não permitir que os cães se encontrassem, nem eu mesmo os vi. Foi um encontro breve. Chegamos de noite, preparamos um jantar, tomamos um vinho com conversas e desabafos, dormimos e partimos no dia seguinte para São Paulo, capital.
Reencontrei meu grande amigo e irmão que mora por lá de um jeito que nunca o vi antes. Estressado, irritado, com clientes e trabalhos em demasia. E parece que tudo na capital é assim. Eu não consigo entender como se normalizam essa condição de estresse, superatividade e alta pressão. Enfim, convenci ele a sair um pouco pra se divertir com a gente e lá fomos nós curtir os prazeres de se estar vivo, os mais radicais. Montanhas russas do Hopi Hari de fato. (Além dele, também foi com a gente uma grande amiga de faculdade e o filho dela).
Depois disso, entramos num período de estabilização, despressurização de cabine. É meio assim que visualizo minhas passagens pela terra natal. Aqui que eu revejo a história, reabasteço, repenso a bagagem que quero ou não levar (na mente, na alma e também no porta-malas) e aguardo a autorização pra decolar.
Na verdade, geralmente, ninguém precisa me autorizar a nada. Eu só pego a Samanta e vou. Mas Samanta quase nunca gera um verbo na primeira pessoa do plural e perceba, há tantos verbos assim nos últimos textos: Vamos, viajamos, comemos, conhecemos, abraçamos, sorrimos. Então agora eu preciso de permissão.
Agora há decisões a serem tomadas em conjunto. E como se não bastasse um convite e um ‘te quero junto’, eu preciso também da autorização do território, já que penso em ir pra Goias e lá não é um território aberto para mim, pelo que já vimos nesses 3 anos de tentativa de ir.
O ‘te quero junto’ eu já recebi, junto com outros verbos bem gostosos de se ouvir. Agora planejamos os próximos passos, e já temos algumas rotas, vou indo devagar, me aproximando lentamente da Chapada dos Veadeiros, até chegar perto o bastante, pra poder sussurrar no ouvido: “posso entrar?”.
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