Meu nome é Cláudio e eu sou um artísta morto. E embora pareça que esse texto falará de mim, ele falará muito mais de você.
Eu já amei alguns monstros, e pude ver além da feiura que os outros viam. Por isso comecei um trabalho árduo, cavucando entulhos para resgatá-los.
O problema, é que nesse trabalho, conheci mostros ainda piores, que estão na superfície, vivem entre nós, disfarçados em suas hipocrisias.
Gente normal, que faz coisas terríveis de baixo de suas carinhas angelicais, e depois julgam.
E por isso estou cansado. Talvez para se defenderem de mim, com medo de que eu os encontre dando umas voltas lá no submundo, esses seres me julgam junto, me expurgam, e me colocam junto com os ‘monstros’ que eu tento salvar.
O maior problema porém, é que a maioria desses ‘monstros’ está cansada de apanhar, e muitas vezes se sente mais confortável na escuridão em que a sociedade lhe colocou, sem querer ouvi-la ou ajuda-la.
Resultado: Eu fico no meio do caminho. Não consigo terminar meu trabalho, não consigo ter meu trabalho reconhecido, e nem consigo parar e voltar a tona.
Então eu fico aqui no meio do caminho, no limbo, fotografando da maneira mais bela que consigo os seres das trevas que vem de mansinho me espionar, saber quem eu sou, e tentam se encorajar a serem ajudados. Ou as vezes fotografo ou os seres da superfície que pela admiração secreta ao meu trabalho, criam curiosidade e uma certa coragem para serem retratados.
Meu nome é Claudio e eu sou um artísta morto, pois pela covardia de uns e hipocrisia de outros, meu trabalho não é reconhecido. E vocês me matam com isso!
“Eu adoro suas fotos, mas jamais fotografaria com você, pois pensariam que eu sou uma garota de programa”
(frase de uma amiga qualquer, que inspirou esse texto)
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