Eu me dôo tanto no abraço que talvez por isso assuste as pessoas. Por isso talvez, elas prefiram me amar por redes sociais na internet.
Eu abraço com força, tenho o hábito de beijar o ombro de quem abraço. E meus abraços duram uma eternidade para quem não tem costume. Por isso talvez, elas prefiram a breve sentença de cento e quarenta caracteres do twitter, ou a longa e silenciosa conversa de um msn.
Eu me dôo tanto no abraço por que sei que sobrevivemos dele. Ato simbiótico intenso que tanto me faz falta. Muito melhor que ser “curtido” no facebook, comentado ou sugerido em sextas-feiras.
Eu me distraio em abraços e as redes sociais me deixam muito atencioso. Mas bem melhor é distrair. Se é pra falar sozinho, que seja com minhas paredes. Mas bem melhor é com pessoas novas, já espertas que não perdem tempo com esse tipo de atenção.
“E ai, quanto tempo, o que tem feito da vida?” já não tem valor depois de alguns anos. Melhor é deixar pra lá, se não está do seu lado, deixa partir, não força a barra numa rede social.
Sei que porém, até agora, com essa mania, tudo o que eu vivo eu tento transformar em frases pequenas para “compartilhar à todos” ou com “amigos de amigos”, mas depois do ato se percebe que não alimenta como um bom abraço. Só ganhamos popularidade na net. E ai?
Já é a segunda vez que eu falo sobre isso, mas desta vez é pra valer. Pra valer o ano, a intenção e o sonho de reciclar as pessoas virtuais por abraços reais. Por que a internet fez o mundo ficar tão pequeno mas nós nos tornamos tão distantes uns dos outros.
O problema é que eu me dôo tanto no abraço que no momento não caibo em mim. Está todo mundo tão contente e satisfeito em redes sociais que em mim, diferente, está sobrando amor, transbordando assuntos pra conversas olho no olho, principalmente dessas conversas em que quando o silêncio chega, não incomoda, apenas soma, como tempo pra reflexão e percepção, sorriso, suspiro e pensamentos do tipo “poxa, como é bom estar aqui junto de verdade”.
Estou jorrando desejos aos montes, que não cabem em cento e quarenta caracteres e nem nenhuma curtição irá suprí-los. Então agora se quiser curtir vai ter que ser do meu jeito:
Você não me verá mais em facebook, twitter nem orkut, mas me verá nas esquinas, nas sombras frescas de belas árvores, tomando chuva por ai, em mesas de bar, compartilhando boas bebidas. E então é só chegar e dizer quem é. Terei mil abraços e sorrisos para doar.
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3 Comments
E quer saber mais!? Talvez até mesmo esse blog deixe de existir…
Naum resisti e compartilhei ….mas ainda bem q vc naum fez o q escreveu neh!!!pq se naum eu nunca tinha lido nem esse nem os outros q eu tanto gostei
Aconteceu sim, Carol… De certa forma aconteceu. Antes eu escrevia um ou dois textos por mês… Hoje se escrevo um por semestre é muito.