Nós nômades vivemos em busca de lugares férteis. Nos movemos para encontrar lugares e pessoas produtivas. No entanto, não vendemos nossa paz por nada, por melhor que seja esse lugar. Seria um contra-senso do espírito nômade perder a paz por mais produtivo que um lugar se apresente. Então nos movemos novamente, até encontrar…
O movimento é constante, assim como a busca. E de repente, pensamos ter encontrado o lugar perfeito para atracar nossas âncoras. Distraídos, não percebemos que seria muita ironia ter encontrado esse lugar bem no ponto de partida, mas ele se apresentava de maneira tão real…
Eu saí daqui pois aqui é cenário de ganância, falsidade e egoísmo. Talvez não só aqui pois essas são características quase intrínsecas do ser-humano-comum e por isso, é fácil a paz se perder nesse mundo.
Nos iludimos, voltamos, atracamos e quase nos apegamos a tudo isso que nos trouxe e nos manteve, e quando fomos acusados de que não assumiriamos nossas responsabilidades, pois somos fracos, fujões e irresponsáveis, deu vontade de ficar pra provar o contrário. Mas isso nos custaria nossa paz.
Lembramos então que ‘apego’ é o que adoece a alma, é o que causa todas aquelas características do ser-comum, é o que lutamos contra: Lutamos pra sermos pessoas melhores, e tentar provar algo a alguém é puro alimento do ego.
Temos ciência de nossas responsabilidades. Elas são muito maiores do que imaginam. Temos ciência de nosso amor e nosso respeito por todos, e de nosso pertencimento e merecimento nesse mundo que é também muito maior do que vocês conhecem.
O mundo que vocês conhecem, é um mundo onde parece não haver espaço para todos. Onde cada um faz por si só, prejudicando o que é do outro, com mesquinharia e competição. Um mundo lindo, onde as pessoas poderiam se juntar, dividir as tarefas e fazer acontecer, mas preferem a competição infértil.
Enfim, por tudo isso, decidimos continuar nossa busca, mesmo por que, o simples movimento nos torna provedores de uma energia especial, que reverbera em todo o planeta sobre os nossos semelhantes, em uma grande rede de boas vibrações.
Portanto, o que pensam da gente e o que nos acusam por aqui, não nos interessa. Até por que, a acusação em si, só se valida por que acatamos o que se refere, nos faz mover por que nos tira a paz, se mostrando então que é válida pelo simples valor que a damos. Um belo círculo estratégico de causa e consequência, muito bem elaborado por sinal: “eu lhe provoco com uma acusação agressiva de que você irá fugir, e você foge pra se livrar da agressão e assim legitimiza minha acusação”. Golpe de mestre, eu diria…
Quase caímos, quase nos importamos, nos esquecendo de quem somos.
Confesso que meu coração está dividido, pois há amor demais por aqui, a pedidos de pessoas importantes, há causas que parecem urgentes. Mas a decisão foi tomada. Vamos retomar nosso caminho, nossa felicidade e prazer de viver, por que isso nos reenergiza para voltarmos se for possível.
Eu lamento muito por quem fica, por quem pensa que tem que ficar, se martirizando em lamúrias e competições. Mas tenho consciência e plena ciência de que, quando se forem, entenderão todo esse movimento que fazemos, e se por acaso voltarem, tentarão como nós, ser melhores também.
Estamos longe da perfeição, temos ciência de nossos erros e falhas, mas permitimos ao Universo nos conduz – Abra o seu coração e permita-se também.
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