Tem uma coisa, característica eminente do ser humano, que é pior que o câncer. Trata-se do ego. Ou, de uma maneira mais factual, posso tirar uma fatia disso e chama-lo simplesmente de ‘orgulho’.
O orgulho é o que fode com o homem, é o que provoca as brigas, as discussões, as frustrações e mortes (físicas e espirituais)
Pois bem, eu fico muito feliz em perceber que consegui liquidar pelo menos uma boa parte de meu ego, e hoje consigo facilmente mudar de opinião sobre um assunto, sem sofrer por estar dando o braço a torcer. (Veja só essa expressão “braço a torcer”, como se fosse doloroso admitir um erro).
Então, eu li um texto sobre Greta e achei muito bacana, louvei a meninininha #pirralha ambientalista, por que de certa forma eu também sou preocupado com questões ambientalistas. Mas então, li outro texto comparando ela com Malala, outra ativista mais silenciosa, e me fez pensar sobre tudo que discorro nesse texto.
Ta ai ainda? Então vamos lá…
Depois de ler o texto, minha admiração por Greta reduziu consideravelmente. Eu passei a concordar com um monte de críticas feitas a ela. “Menina mimada”, “raivosa” e outros adjetivos que depois vc lê lá no texto (link a seguir).
Discordo porém de alguns pontos. O primeiro é dizer que, por ela nascer e viver em um país rico, não saber o que é miséria, ela não pode opinar e lutar contra isso. Eu escrevi um texto autobiográfico a respeito uma vez.
Eu sou branco, olhos azuis, homem, hétero, família de classe média, conduzido, e posso correr nas ruas, então eu não posso me manifestar sobre nada? Não posso abraçar nenhuma causa em defesa de minorias por que não vivi isso? Me desculpe, mas posso sim. Posso pois estudei sobre, pois tenho empatia, pois embora eu não tenha o lugar da fala, eu tenho o poder da fala, inclusive por todos os ‘méritos’ que me são concedidos.
Sobre isso, inclusive, eu retorno a matéria: Visualmente falando, olhando assim, por cima, 80% dos parágrafos falam de Greta e só os 20% restantes mencionam Malala. E isso me traz outra reflexão: Por que a gente sempre vibra na negatividade?
Por que eu perco meu tempo escrevendo um texto comparando duas ‘celebridades’ e me foco nas críticas sobre uma delas invés de evidenciar as qualidades da outra?
Sim, o texto me fez deixar de ser tão fã da Greta, mas de forma alguma eu tiro o mérito dela. Ela conseguiu atingir chefes de estado como Trump (e eu diria Bolsonaro também, mas atingi-lo com sua infantilidade é deveras fácil), conseguiu ser ouvida na ONU. Tenho certeza que você que me lê, não é capaz de ser ouvido nem na pracinha da esquina. E ela está nos fazendo olhar para o assunto.
Concordando ou não com tudo o que ela diz, admita que você está prestando mais atenção.
Ela é mesmo uma chatinha petulante. Hoje eu percebo. Ela faz algo que eu critico veementemente, e critiquei outro dia naquela manifestação feminista, que é o discurso de ódio. Eu sou a favor da fala em tom baixo, que chama a atenção pelo conteúdo mais do que pelo ruído, então, é contraditório eu louvar essa menina. Mas, não preciso ser extremista. Eu posso critica-la e ao mesmo tempo apontar boas características nela.
Assim como tudo. Assim como no governo, no estado, na minha família, nos meus amigos, em você que me lê. Ninguém nem nada é perfeito. Todos tem seus prós e contras e está na hora da gente começar a prestar mais atenção nos prós de tudo. Traz uma sensação de “pode dar certo”, e consequentemente uma satisfação maior em viver.
Tenta!
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