Quando a gente vira nômade, a gente se dá um tipo de entrega surpreendente. Estávamos conversando sobre isso outro dia dessa segunda semana por aqui, com pessoas que estavam julgando nosso estilo de vida (normal e rotineiro isso).
O Universo nos provém tudo o que precisamos nos momentos certos. E nos coloca nos lugares certos também.
Saímos de Joinville e migramos numa longa viagem direto até Torres, parando apenas para almoçar e conhecer a Guarda do Embaú. Um lugar lindo, que planejamos voltar.
Em Torres, iríamos apenas pernoitar e dar um abraço na dona daquele Hostel que eu fiquei por 2 meses na s02. Inclusive, tem um episódio na s02 que ela me manda uma mensagem no whatsapp e eu, dirigindo, na estrada, começo a chorar e dizer o quanto é bom se sentir amado.
Sim, é muito bom se sentir amado, e é bom voltar aos braços de quem amamos nessa vida louca em movimento:
Abrimos a porta do hostel e deixamos a Samanta entrar sozinha. De repente ouvimos o grito de felicidade “SAMAAAANTAAAAA”. Sorrisos e abraços apertados e infinitos, dizendo erroneamente um ‘foda-se’ para a pandemia. Nem lembramos dos riscos. Abraçamos, amassando e triturando toda a saudade que estava permeando nossas almas. Que gostoso sentir isso.
Então logo depois, algumas horas depois, vem a notícia. A mãe dela teve complicações e estava internada. Que bom que estávamos ali. Ela iria precisar de nossa ajuda. E como dizer não? Ficamos um dia a mais…
O clima lá não era o mesmo. As vibrações locais mudam sem nossa imposição. E como os ‘moradores’ mudaram, a vibe também mudou. O cansaço era grande, então adormecemos, no mesmo quarto, na mesma cama e tudo bem…
No dia seguinte, acordamos bem, mas não ficamos bem. Precisávamos nos mover pra outro canto com vibe mais harmônica com a nossa, já que aquilo era mais pertencente a outros habitantes.
Nos foi dado o direito de estar num outro quarto, mais próximo dela e com condições mais sintonizadas às nossas harmonias internas. E lá ficamos, esperando respostas dos médicos, esperando respostas um do outro, sobre partir, ficar e ficarmos.
Saímos próximo a hora do almoço e Aline sentia aquele gostinho de estar voltando pra casa, assim como eu sentia o gostinho oposto, de estar me afastando ainda mais. Sentimentos opostos e perfeitamente encaixados, como preto no branco, saudade e encontro, yin yang. Abraços perfeitos.
“Minha casa é simples”, me alertava com preocupação. Lindamente simples, arborizada, florida, ventilada, limpinha, confortável, com um pouco de mato que cresceu pela ausência da dona, mas que resolvemos em um dia de trabalho conjunto. E as cores reapareceram, as borboletas voltaram pra beijar as flores que surgiram aos olhos novamente.
Apaixonantes, apaixonadas, sem pensar em nada além do momento em que estão ali com suas flores preferidas polinizando, em uma flor e depois partem pra outra flor e se vão, pra quem sabe algum dia voltar…
Então o telefone toca pra dizer que ela piorou. A mãe de nossa anfitriã em Torres piorou e ela pede ajuda: “Eu preciso muito de você aqui de novo”. Tudo bem, não tem como dizer não para quem tão bem me fez. E eu irei com prazer, como uma borboleta depois de beijar as flores por mais uns dias.
Uma semana, colocando os trabalhos em dia, fazendo backups, descansando da longa viagem até aqui. Uma semana admirando todas flores desse lugar delicioso que é a casa da Aline, tocando, sentindo o cheiro, acariciando, sentindo a energia, recarregando, para enfim partir, pra quem sabe algum dia voltar. Com certeza algum dia voltar!
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