Idas e Vindas

Uma das coisas mais constrangedoras da vida é se sentar para jantar sozinho em um restaurante de uma cidade que você nunca esteve na vida:

De repente você se sente observado por olhares curiosos que pensam “o que esse ser extraterrestre faz ai?”. E mesmo que esteja pouco se lixando para todos os olhares, ao menos a um você adoraria responder.

Nem sei se olha, mas minha imaginação pede que sim. E entre sorrisos e palavras trocadas com suas amigas, deixa escapar um cantinho de curiosidade a ser saciada por uma transmissão de pensamento ou um guardanapo rascunhado, certeiro, nas mãos de um garçom amigo:

Eu estou de passagem, só vim para jantar, mas sua presença não me permite ir embora. Que tal mudar de mesa? Que tal agora? E em retribuição, saciar a minha curiosidade e me dizer a que veio? Veio para cativar, para conduzir ou simplesmente me distrair por algum tempo? Por que me olha dessa maneira? Por que eu não consigo te beijar? Por que eu quero tanto???

Eu viajo de volta, perco meus raciocínios, minhas palavras, e talvez meu silêncio e falta de palavras a tenha afastado. Sua linguagem corporal é gritante. Não necessita palavras e então parte, e eu parto, me reparto!

Idas e vindas, viajando com meus pensamentos, lembrando momentos com pessoas que muitas vezes sequer existiram. Me diz a que veio, me diz por que foi. Eu creio que talvez nem mesmo você saiba.

O importante é que o momento foi sentido, e se lhe é necessário, que seu silêncio lhe prepare para novas viagens, novas aventuras, novos anéis em seu dedo.

Idas e vindas. Pessoas chegam e partem constantemente, e mesmo que não fique claro suas missões, geralmente elas são cumpridas. Não é por que alguém não lhe responde como quer, que deve retirar-se com rispidez e mágoa.

Silencie, respire, prepare-se e me encontre no próximo jantar.