“Fiquei lembrando do que me contou, do cara que lhe escreveu textos enormes, e um monte de coisas. E depois você me comparando a eles, os últimos dois caras falsos e fracos de sua vida.
Mas eu quero conversar e você não abre espaço, então me vejo na mesma condição, e não vejo outra alternativa a não ser fazer o mesmo. Escrever um texto enorme pra te falar tudo o que sinto.
Na verdade, eu sei que já era. Que não adianta mais nada, que já nos perdemos, e já não é mais você que me acompanhará em viagens por ai, internas e externas, e todos os planos que eu sempre fiz. Mas penso em escrever umas palavras finais, já que não há mais conversa. Por que, quem sabe, talvez haja alguma coisa a ser revertida.
Tipo um plot twist no último ato, uma reviravolta inesperada.
Isso não cabe mais a mim, então a partir de então a despretensão das palavras é quase real.
Você perguntou de onde vem meu desespero. Te respondo que meu desespero vem de ser igual a você. De já ter me ferrado vezes e vezes com mulheres diversas e estar perdido num mundo onde não encontro ninguém para vir comigo.
Desespero é falta de esperança, e sem fé de que algum dia encontrarei alguém legal pra estar, de repente, de ‘um catálogo de Avon’, surge algo inesperado, algo que você olha nos olhos e pensa ‘poxa, será que posso ter esperanças ainda?’…
O dia foi todo perfeito. Como você mesma disse, não havia cenário mais propício para um primeiro beijo, um primeiro abraço.
Não haverá “eu te amo”, nem mesmo “estou apaixonado”, mas o sincronismo foi tão grande, tão gostoso, foi tudo tão bacana que sim, me desespero em ver tudo acabar sem ao menos começar. Me desespero por não entender exatamente o por que as coisas estão acontecendo assim.
Sim, eu me desespero. Por definição “desesperar” é “perder as esperanças”, e é duro pra mim que já sofri tanto ou mais que você.
Eu queria ter ido com você em aniversários de domingo. Ido ao cinema na segunda, ou almoçar, tomar café com chocolate Alpino. Eu queria ter compartilhado suas agonias, ter te afagado em seu momento de estresse na terça. Queria ter ido te buscar no trabalho, poupado seu pai desta tarefa. Só pra te envolver, te dar mais um abraço daquele, com o braço cruzado por trás e fazer você sentir que “já acabou, está tudo bem agora! Vem sem medo”.
Não pude, respeitei (dentro de meu limite), e o meu ‘desespero’ começava a aparecer. E a esperança que surgiu no primeiro encontro foi se perdendo e sim: desespero.
Talvez eu fale muito de mim, mas não falo nem a metade. Talvez conte demais de algumas mulheres que passaram na minha vida, mas uso palavras leves e sorriso na cara que disfarçam todas as feridas que eu tenho. Você não imagina a força e a coragem que eu tenho que ter pra me permitir novamente. Acreditar, sem desesperar…
E eu tenho essa força por causa de todo o resto que você não sabe. De todos os problemas que já tive e tenho fora do âmbito emocional, tudo o que já sofri, sozinho, calado.
Ora, o que é isso? É a despretensão! Se essa carta fosse para conquistar, eu estaria fingindo ser o homem perfeito, ser humano pleno e imaculado. Pois bem essa carta não é para conquistar.
É pra mostrar que eu sou uma pessoa normal, como você. Cheia de neuras, dilemas, medos e vontades, que por mais equilibrada, as vezes perde o equilíbrio. E por isso eu erro, eu tropeço, eu me desespero. E por isso eu quero tanto alguém pra ficar comigo. Pra me segurar, me abraçar na terça. Mas os medos são tantos, que eu não aceito ninguém…
Eu te vi, gostei, conversamos, nos conhecemos, nos beijamos, eu adorei tudo em você, eu esqueci meus medos e aceitei. Esqueci minhas feridas e tentei respeitar seu tempo. Me desculpa se em algum momento você me fez perder a esperança, me desesperar.
Gostaria de poder estar com você de novo. Estar equivocado. Acreditar que talvez de tempo, dentro de seu próprio tempo.
Aquele “cara bacana” que você conheceu está aqui. Resgate ele! Ele vai te fazer muito bem!
“Se permita!”…. A vida só não permite atrasos!
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