Prefiro mil vezes o vento na cara, mesmo que seja quente, do que estar enclausurado sob o ar refrigerado. Prefiro aliviar o calor assim. E talvez o calor que eu sinta seja um pouco menos intenso que de outras pessoas, mas é o que eu sinto.
Talvez meu metabolismo seja diferente mesmo. Por que eu bebo água da torneira e deito no chão sem cerimônia.
Minhas ambições são pequenas. Prefiro brincar do que juntar fortunas, mas prefiro estar sempre em meu território, em lugar que eu conheço. Por isso, viajo pouco, me mudo pouco, crio raizes. Não gosto de ter estranhos ao meu redor.
Dou pouca importância às notícias do outro lado do mundo, ou até mesmo do outro lado da cidade. Meu mundo é pequeno, meu universo é limitado. Mesmo por que, o que eu tenho me basta.
Tudo bem que as vezes aspiramos coisas a mais, mas são modismos passageiros, ou necessidades básicas de conforto e bem estar (ou novos brinquedos. Por que gosto mesmo é de brincar), e confortável é andar descalço. Nunca uso chinelos, ando descalço o tempo todo, mesmo que o chão esteja sujo. Não tenho nojo.
Alias, tenho alguns nojos. Tenho nojo de gente mesquinha, ignorante e dissimulada. Tenho nojo de gente cheirosa demais, fantasiada demais, que fala demais. Gosto do simples, do cheiro suave.
Tenho alguns nojos normais, uns meio estranhos e talvez alguns banais. Mas isso não me torna fresco. É só questão de percepção e textura, ou onde se coloca, por onde se sente.
Prefiro mil vezes ser lambido no rosto por um cão do que por um humano. Porém um cão não lambe minha boca.
Cada coisa em seu lugar, cada gesto em seu momento, cada um com sua matilha e respeito sempre. Eu respeito sua destreza felina, você respeita meu espírito canino.
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