No domingo da 12ª semana, eu acordei com uma acusação ridícula. Minha sobrinha questionando minha mãe o por que ela me ‘deu’ um dinheiro. Eu não aceito dinheiro dos outros, principalmente do meu pai. A minha mãe me EMPRESTOU dinheiro pra adiantar o processo da venda do meu terreno. E isso será pago imediatamente a hora que meu saldo for liberado.
Eu odeio ser julgado de algo que não sou, mas em meu processo de evolução e crescimento, eu passei a dar menos importância a isso, me focando principalmente em minha intensão.
É a minha intensão que prevalece e se eu sou julgado por alguém que a desconhece ou a ignora, paciência. Ainda assim, as vezes ser julgado me tira do centro e eu preciso de um certo silêncio pra me retomar.
O que eu aprendi é que todos (ou a maioria de) nós estamos em busca de sermos pessoas melhores, de evoluirmos e superarmos nossos medos e bloqueios. Mas tem gente que não consegue enxergar seus verdadeiros problemas, por que isso dói um pouco. Então acabam terceirizando o problema, jogando no outro suas insatisfações e desconfortos.
Se sua busca agride o outro, fique atento: Você está buscando da maneira errada. Nenhuma busca material ou espiritual deve agredir a outra pessoa. E se você é do tipo de pessoa que costuma se desculpar com frequência, logo ai já existe algo errado. Pois se você ofendeu ou agrediu a ponto de precisar pedir desculpas, já é sinal que sua conduta saiu de maneira impensada e irresponsável.
Por aqui, a mim, devo me atentar e nunca permitir que a busca e dilema do outro me afete. Lembrar de não pegar pra mim as neuroses, medos e conflitos internos do outro. Se isso começa a respingar na gente num grau de manchar nossas roupas, nos tirar o apetite, é melhor se afastar.
Eu ainda não posso me afastar de algumas coisas que tem me manchado por aqui. Tenho que ter paciência, aceitação e tentar aprender com o que me é apresentado. Porém, de outras coisas eu posso me afastar. De outros relacionamentos eu devo me afastar por enquanto. E foi isso que eu me atentei a tempo e fiz.
Hoje, no momento que escrevo esse trecho do texto, é só domingo. E eu sou uma pessoa volátil que consegue dissolver as mágoas e eliminar manchas de maneira muito rápida. Então eu aproveitei minha mágoa e insensatez momentânea, pra tomar algumas providências que me afastariam do que anda me fazendo mal. E assim o fiz…
O que eu tenho certeza, é que nós, nômades, nos movemos sobre fugas ou buscas. Alguns buscam mais do que fogem, outros fogem bem mais do que buscam. Alguns fogem tanto que nem se lembram mais de que buscavam algo que lhes fizessem melhores. E tudo bem, contanto que não manchem os outros… Mas se esse lhe agride e lhe mancha, sai de perto. Seja nômade, fuja também. Não vale a pena tentar algo onde não há. Lhe deixe perceber suas próprias insanidades.
No mais, a semana decorreu com afazeres e obrigações que me ajudaram a ter força pra me afastar do que me manchava, ou lidar com manchas que não podia evitar. Eu fui pra Ribeirão e enfim a venda de meu terreno se concluiu. Agora eu iniciaria uma série de buscas. Buscas por um novo carro, um novo computador e novos destinos.
Também iria buscar novas pessoas e retomar algumas antigas, que eu tava com saudades. E foi numa dessas antigas que eu encontrei o que talvez seria minha primeira parada nessa nova etapa (mas ainda é cedo pra falar disso).
Tudo correu como previsto. Exceto pelo carro. Eu procuro um modelo muito específico e não encontrei o que eu queria. Mas todo o resto, fluiu bem. Paguei minhas dívidas, reciclei meus equipamentos, quitei minhas pendências e consegui abstrair de maneira saudável e pertinente as manchas que respingaram em minhas vestes no início da semana pela petulância e ignorância alheia.
Eu confesso que fico com um pouco de raiva de mim por essa minha facilidade. Queria ser um pouquinho mais rancoroso e menos amável. Mas passa um ou dois dias e eu já não tenho mágoa nenhuma. Já estou com voz mansa, dando carinho e atenção a quem me agrediu. Queria cultivar um pouco mais a indiferença, pra demonstrar melhor que a ação foi imprudente. Mas tudo bem… Eu sou assim. E ela é apenas uma criança.
(*nota mental para quando eu reler no futuro: eu só falo de minha sobrinha no primeiro parágrafo)
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