Após uma semana sem escrever, apenas realinhando tudo o que tinha que ser realinhado a minha nova realidade, hei-me aqui…
Estou em Iguape, litoral sul de SP, num lugar que eu nem imaginava que existia, mas que com certeza, em meu inconsciente já estava no roteiro. Não tenho como duvidar disso pelo tanto de conexões pré-existentes. Já já falo disso…
A viagem durou dois dias. Passei antes em São Paulo (capital) pra visitar meu melhor amigo, e continuo me surpreendendo como pessoas normalizam aquele estilo de vida. Como se submetem a tamanho caos e sacrifício por mera ambição. E ele retruca comigo “eu tenho uma filha agora”. Ainda assim, eu não consigo compreender como ele acredita que se matar de trabalhar daquele tanto pode ser bom para sua filha além do cofrinho cheio.
Acho muito errado se privar de qualidade de vida pra manter um padrão ou juntar dinheiro pra achar que o dinheiro vai dar conforto e estabilidade a si mesmo ou a uma criança quando ela crescer. Eu aprendi que conforto e estabilidade não se consegue com dinheiro, e sim com amor e entrega. Desapego!
Uma criança pode ser feliz no meio de um sitio, vivendo com pouco ou quase nada, brincando com animais e pés no chão. E creio que uma criança que viva assim, terá muito mais capacidade de lidar com as dificuldades da vida adulta, ainda que essas dificuldades sejam financeiras.
Mas eu não tenho filhos, eu não posso falar disso. É tudo achismos… Eu só queria que eles estivessem melhores. Comigo funcionou assim e me coloquei a disposição caso precisem.
Sobre estar disposto, eu peguei um Uber outro dia quando fui levar meu carro novo pra fazer revisão. A menina que dirigia me contou que também viajou em um momento da vida dela mas voltou pois coisas deram ‘errado’. Eu respondi a ela que nada da errado, é apenas uma concepção humana pois não entendemos os planos do Universo. No final, o que parece ter dado errado nos coloca exatamente onde precisamos estar.
Ela então disse que era mais fácil pra mim viver com isso pois eu tinha o ‘respaldo’ do meu pai. Em outro momento eu ficaria irritado com aquilo pois quem me conhece sabe o quanto eu caminho sozinho evitando ao máximo precisar de qualquer coisa de meus pais. Mas eu sou um novo eu, então expliquei a ela que ainda que tivesse esse respaldo, eu nunca o usei. Talvez, inconscientemente, isso tenha me dado a coragem de ir e perceber que tudo realmente dá certo a ponto de eu não precisar usa-lo. Logo, estou indo na frente e dizendo com propriedade que “vai dar tudo certo, pode ser jogar. Use o respaldo de meu pai também, através de minha experiência”. Ela sorriu e concordou _ “agora preciso convencer minha namorada”.
É a mania normal do ser humano de jogar a responsabilidade de seus medos e fracassos nos outros (“agora eu tenho uma filha”).
Eu vim pra Iguape curtindo todas as minhas novas conquistas. E se alguém tentasse me ofender me chamando de ‘mochileiro nutela’ como alguém costumava me ofender em outrora, eu sorriria e convidaria ‘lamba o meu chocolate’.
Desci feliz, com o teto solar do carro aberto, vento na cara, usufruindo daquilo sem culpa. Foi fruto de muito sacrifício e trabalho. A um ano atrás mais ou menos, eu estava consciente de que não teria nada daquilo e o Universo me recompensou.
É o último fruto, é merecimento, que eu desfruto com prazer e com consciência de que eu mereço isso por tudo o que fiz, faço e sou! Sem culpas e sem modéstia também. Não aqui.
Ao chegar em Iguape, percebi que as expectativas sobre mim eram enormes, e ao menos em um primeiro instante, elas foram supridas. Percebi que tenho muito trabalho a fazer e o faço sem saber. Eu falo coisas, dou ideias, ensino e aprendo de maneira natural, instintiva, quase sem querer, e flui, e cumpre o papel.
Um dos papeis que eu senti aqui é sobre a minha responsabilidade de ‘ponte’ daqui com outras pessoas que eu visualizo que devem estar aqui. Tem coisas aqui que é muito mais pra essas outras pessoas que estão voando por ai do que pra mim mesmo. “Use o respaldo”, eu penso comigo. Algumas lições que eu já aprendi e que me chegaram com um “foi você quem me fez enxergar isso” e isso seria repassado.
Acho que não estou conseguindo me expressar aqui agora, mas foda-se, é assim. O que acontece é que eu sinto que aquela lição do amor, de tentar aprender a amar diferente, não é pra mim. Amor pra mim não é isso e se for assim, não quero. Sinto que perdi algumas conexões. Alias, eu já vinha perdendo a algum tempo e parece que agora perdi de vez. Não consigo reconectar com algumas pessoas e eu queria tanto fazer essa ponte. Paciência…
É assim que é. E é tão comum também que as pessoas percam oportunidades que passam diante de seus olhos, ao alcance de suas mãos. Eu fiz minha parte. Eu estou aqui…
Talvez esteja… Não sei. Na verdade acho que não estou mais não.
Nem quero saber. Fiz minha parte e estou muito bem…
Talvez esteja.
Seu carrinho está vazio.