Humanos em tubos de ensaio

Acontece assim, um belo dia você resolve tentar e pega aquela pessoa que tanto esteve te rodiando, por que todo mundo falou que se você não experimentasse, você nunca ia saber.

Dai você a enche de carinhos, a melhor conversa, a melhor comida, passeios, filmes, colos, sexo do mais intenso e deixa assim, em banho maria por 5 meses mais ou menos. Agora esfria, deixe decantar por uma semana e vê o que acontece.

Essa é a melhor experiência para se descobrir o que você realmente sente e quem você realmente é. E inconsequentemente você vai chorar. Vai chorar pois descobriu que ama demais essa pessoa ou outro alguém. Vai chorar por dó, remorso ou por estar perdido, sem saber o que deu errado. De quaquer forma, joga tudo fora e começa de novo.

É assim que somos: Seres humanos em tubos de ensaio, ratos de laboratório. Cada um passando por uma experiência diferente feita por outros seres humanos. O jogo é horrível mas é inevitável. Não dá pra ter outra pessoa sem jogar.

Em um tubo você coloca alguém que gosta de você, mas não dá a minima para ver quanto tempo ele sobrevive. Em outro, você põe alguém que mal conhece, com pequenas doses de cantadas, chavecos e joguinhos de sedução, mas nunca deixe a coisa se concluir, pois pode azedar o terceiro tubo.

No terceiro tubo existe algo estranho demais que te intriga. Cores belas, formas interessantes, um frio e um calor que se revezam e que necessita observação constante. Você não pode chegar muito perto por que a sua temperatura pode estragar tudo. Mas não pode ir muito longe, pois não pode nem consegue deixar de observar.

O terceiro tubo pode ser sedutor, e nem se quisesse matá-lo você conseguiria pois é impossível se afastar dele. O magnetismo é forte. Talvez com o tubo 2 na mão você possa se aproximar e matar de vez o 3. Dai você continua outros experimentos, tenta transformar o 2 em algo tão perfeito. Se não der, o mata também, pega o 1….

Tudo isso é horrível demais. Mas é pior ainda estar te olhando daqui de dentro deste tubo, mexendo comigo como se eu fosse um vírus a ser cultivado pra depois desenvolver a cura e me matar. Sem saber qual o número do tubo que estou.

Eu quero saber qual será o resultado de meus experimentos, mas preciso sobreviver aos seus antes. E por sua vez você precisa sobreviver aos experimentos de outro alguém acima de ti.

Eu não quero mais. Quero me livrar disso. Tudo poderia ser mais simples, mais claro, mais honesto. Mas não tem como. A gente mata, a gente morre e o vidro é liso demais para se escalar.