Quando eu começo a escrever o texto da semana, eu geralmente não sei exatamente o que vou escrever. Por que eu quero contar minhas histórias pra vocês, mas quero criar poesias no meio, e também há um senso ético que eu criei de não expor as pessoas que passam pelo meu roteiro. Mas parte da magia desses últimos dias, está justamente na companhia tão agradável de uma amiga e parceira. Então, me desculpe, Aline, mas vou te citar. Não tem problemas, não se incomode, afinal, esse blog nem é tão famoso assim…
Eu simplesmente começo a digitar, e começo a relembrar de como foi a semana e como disse no texto anterior, tem sido semanas frenéticas, difícil de relembrar pra escrever, mas ao mesmo tempo, inesquecíveis na alma.
Passamos dias incríveis na Praia da Pinheira em Palhoça (ao lado de Florianópolis). Visitamos o famoso Vale da Utopia e na volta, fugimos da trilha e encontramos uma pedra enorme que dava uma visão magnífica para o por do sol nas montanhas, acima do mar. “Quanto tempo o sol demora pra se por?”. Calculamos uns 30 minutos, e para nômades, não há tempo. Temos todo o tempo do mundo e ficamos ali, em silêncio por 30 minutos, olhando o sol se por. Um de nós sente, o outro pensa e Samanta só quer saber de achar um lugar na pedra pra se deitar e esperar esses caprichos humanos indecifráveis.
Decifrar pra que? Aprendi com ela.
Aquele momento foi incrível, delicioso e teria acontecido inevitavelmente como muitos outros aconteceram antes. Mas em uma outra ocasião, eu estaria talvez ali, na mesma pedra, sentindo o por do sol esquentando meu rosto e querendo que alguém mais sentisse aquilo, pensando em compartilhar aquilo com outras pessoas. Eu estaria feliz, mas silenciosamente me lamentando por estarmos só eu e Samanta e pra suprir essa vontade de levar aquela vivência pra além de mim, eu filmaria, tiraria fotos e compartilharia nas redes sociais. Talvez pensaria num texto pra narrar um vídeo ou relatar aqui pra vocês.
Mas ter uma companhia humana deixou tudo mais gostoso pois soma os sentimentos. É gostoso mostrar pra alguém o quanto o Corvo Branco é lindo, e ter alguém ali olhando aquele sol sobre o mar. Ainda mais quando esse alguém é alguém tão especial, uma amiga incrível que te faz querer ser alguém melhor.
Eu e Aline temos uma amizade gostosa, um tipo de relacionamento abusivo inverso. A gente abusa um do outro envaidecendo as qualidades. Nos desafiamos a sermos pessoas melhores, com conversas, debates e divagações oportunas e enriquecedoras. Constantemente expomos no outro e reconhecemos os nossos erros ou pensamentos equivocados e pelo apoio mutuo que nos damos, é fácil encara-los e concerta-los ali, na hora. Sem orgulho, sem julgamento, com os egos despidos, domados e mãos dadas.
É uma companhia e tanto e eu estou bastante feliz de estar fazendo essa travessia com ela!
Após três dias em Pinheira, fomos para Florianópolis novamente, na casa de minhas amigas do AmarElo. Mais dois diazinhos por lá e rumamos novamente para São Francisco do Sul. Alugamos uma outra casa no Airbnb, diferente daquela que fiquei anteriormente.
Pelas fotos parecia ser grande e cheia de luxos que me chamaram a atenção. Tolice a minha: fiquei extremamente frustrado. Uma bela arquitetura, tudo de primeira qualidade, piscina, churrasqueira e até colchão que faz massagem tinha. Mas o lugar era pequeno. O que era descrito como ‘flat’, na verdade era só uma suite disponível naquela casa toda. Com uma pequena cozinha anexada ao quarto, que mal dava pra cozinhar de tão apertada, me senti limitado e resolvi negociar com o anfitrião.
Falei com ele que ficaria apenas pelo período já pago, metade do período combinado e fiquei impressionado como o ele ficou irritado quando eu disse que não servia pra gente. Ele ficou incomodado por não entender como tanto luxo não nos agradou. “Ai tem tudo do bom e do melhor. Só tenho elogios e avaliações positivas”.
Pois é, eu sei, é realmente muito bacana aqui… Mas a gente não quer mais luxo e sim praticidade.
Enfim…
Nesse momento que escrevo, eu estou sozinho. Passarei bons dias sozinho por aqui pois ela tem compromissos de cursos e vivências em cidades próximas. Semana que vem, vamos praquela outra casinha deliciosa que mencionei na semana 17, que é mais simples, mas ainda assim, sofisticada, com muito conforto e tudo o que precisamos (inclusive espaço).
E continuaremos nossa estadia em São Francisco.
Semana que vem eu conto dos passeios que fizemos e faremos por aqui nessa semana e na próxima. E publico fotos também.
Por agora, seguem fotos de Pinheira e Floripa:
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